 |
Allan Kardec - 1804-1869 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Chico
Xavier e
a História de Valéria
Por
volta de 1953 até 1959, quando mudamos para Uberaba, nós sempre,
desde muitos anos, fazíamos assistência, uma assistência carinhosa
de levar uma oração ou a expressão de fraternidade a doentes, a
necessitados, quando uma senhora nos pediu para visitar a irmã dela,
que tinha se tornado hemiplégica e muda.
A
moça tinha uns 40 anos, chamava-se Valéria.
Então,
fomos a primeira vez; nós fazíamos, sempre aos sábados, nossas
visitas.
Íamos
visitar Valéria, levávamos um pedaço de bolo, algumas balas. Isso
que se dá a uma criança, porque a gente não podia fazer mais, mas
visitávamos Valéria com muito carinho; eram diversas casas e ela,
Valéria, estava numa delas. A irmã dela chamava-se D. Laura.
A
casa se erguia num lugar onde, em Pedro Leopoldo, se construiu o
recinto das exposições pecuárias; eu estou explicando, porque
alguém na minha cidade poderá perguntar onde estava esta casa;
estava no lugar onde está hoje o recinto das exposições pecuárias.
Então,
todos os sábados, durante uns seis anos, visitávamos Valéria e
levávamos uma prece, e ela guardava um pedaço de bolo debaixo do
travesseiro. A irmã dela, a dona da casa, muito distinta, muito
amiga, nos recebia com muito carinho.
Num
sábado, eu fazia a prece; no outro sábado, outro amigo fazia a
prece; no outro, uma senhora fazia a prece, e, assim, estávamos há
uns seis anos, quando Valéria foi acometida por uma gripe pneumônica
muito séria e D. Laura chamou um médico e o médico avisou que ela
estava às portas de uma pneumonia, e a pneumonia se manifestou.
A
pneumonia se manifestou, e nós chegamos no sábado. Ela estava muito
abatida e, todas as vezes que nós íamos, eu falava:
— Valéria,
agora você fala Deus! (Ela lutava muito para falar, porque ela
entendia tudo, mas não conseguia).
Eu
falava assim:
— Jesus,
Valéria!
Ela
fazia força, mas a língua enrolava e ela não conseguia; isso se
repetiu mais de seis anos, mas, neste sábado, a pneumonia…
Eu
falei:
— D.
Laura, ela está com febre muito alta, o que diz o médico?
— Bem,
o médico, que está tratando, já deu bastantes antibióticos, e ela
está bem medicada.
E
eu falei assim:
— Está
bem, agora, ao invés de virmos aos sábados, viremos todos os dias.
E
ela sempre piorando. Então, num sábado, no último sábado, depois
que fizemos a prece, eu falei:
— Valéria,
fala Jesus, fala Deus!
E
ela: ã, ã, ã, ã, ã, mas não falava.
Eu
falei:
— Valéria,
Jesus andou no mundo, curou tanta gente, tantos iam buscá-lo nas
estradas, na casa onde ele permanecia, e pediam a ele a graça da
melhora, da cura e foram curados.
— Lembre-se
de Jesus andando e você caminhando, embora você não esteja
caminhando há tantos anos, lembre-se de você caminhando e chegando
aos pés dele e dizendo: Jesus! Fale Jesus!
Aí
ela falou:
— Josusu,
Josusu!
Eu
falei:
— Meu
Deus, mas que alegria, Valéria falou o nome de Jesus, que coisa
maravilhosa! D. Laura, venha cá para a senhora ver!
Ela
com muita febre, mas ficou satisfeita falando:
— Josusu!
Josusu!
E
não me esqueço daquele nome vibrando nos meus ouvidos.
Eu
falei:
— Ela
vai melhorar, ela está falando Jesus, D. Laura.
Nós
todos muito alegres, ela sorrindo, mas desinteressada do bolo que
tínhamos levado, a febre muito alta.
Eu
falei:
— Valéria,
repete, eu estou tão interessado de ver você falar o nome de Jesus.
Fale Jesus, Jesus!
— Josusu,
Josusu!
Mas
dando todas as forças. Aí, eu disse:
— Se
Deus quiser, ela está muito melhor.
Mas,
no outro dia de manhã, chegou a notícia de D. Laura de que Valéria
tinha falecido pela manhã, tinha desencarnado.
Fomos
para lá, e tal, e lembramos muito aquela amiga que estava partindo.
Comoveu-nos muito e sofremos bastante, porque ela era muito, era
muito querida, uma criatura que não falava, mas tinha gestos
extraordinários.
Mas
os anos rolaram, os anos passaram, e eu mudei para Uberaba e, em
1976, fui vítima de um enfarte, enfarte que me levou ao médico, que
me hospitalizou em casa.
Disse-me
assim:
— Não,
você pode conturbar o ambiente do hospital com visitas, é melhor
você ficar hospitalizado em casa, a porta do quarto ficará com
acesso apenas a esta senhora, que é enfermeira.
É
uma senhora, que está conosco, de nome D. Dinorá Fabiano.
Então,
D. Dinorá era a única pessoa que entrava, para eu ficar 20 dias
mais ou menos imóvel e eu fiquei, mas isso não impedia que os
espíritos me visitassem e, então, muitos amigos desencarnados de
Pedro Leopoldo, de Uberaba, entravam assim à tarde ou à noite e eu
conversava em voz alta.
E eu falei:
— D.
Dinorá, quando a senhora me encontrar falando sozinho, a senhora não
se impressione, eu estou conversando com alguém.
Ela
falou:
— Não,
eu compreendo, eu compreendo.
Ficou
naquilo, não é?
E
uma tarde entrou uma moça muito bonita (no quarto havia sempre uma
cadeira perto da cama).
Ela
entrou, eu falei em voz alta:
— Pode
fazer o favor de sentar.
Ela
falou:
— Você
não está me conhecendo?
Eu
respondi:
— Olha,
a senhora vai me perdoar, eu tenho andado doente com problemas
circulatórios e eu estou com a memória estragada e eu não estou me
lembrando.
Mas
era um desculpa, era porque eu não estava reconhecendo mesmo.
Então,
ela falou assim:
— Mas
nós somos amigos, eu quero tão bem a você.
Era
uma moça morena, muito bonita; aí eu falei:
— Olha,
eu não posso assim de momento fazer muito esforço de memória,
porque o médico me recomendou repouso mental. Minha senhora, faça o
favor de dizer o nome.
Ela
falou assim:
— Não,
eu não vou dizer, eu quero ver se você lembra; eu sou uma de suas
amizades de Pedro Leopoldo.
Eu
falei assim:
— Então,
a senhora pode falar; se a senhora falar Maria ou Alice, eu conheço
tantas. Então fale o sobrenome da família, porque pela família eu
vou saber.
Ela
falou assim:
— Não,
eu não vou falar, eu vou falar um nome só; quando eu falar, você
vai lembrar quem é que eu sou.
Eu
falei:
— Então,
a senhora faz o favor, fale o nome, o nome que a senhora quer falar e
ela foi e falou assim:
— Josusu!
Eu
disse:
— Meu
Deus, é a Valéria! Meu Deus, Valéria, como você está bonita! Eu
não mereço a sua visita.
Ela
disse:
— Mas
eu vim lembrar os nossos sábados, em que nós orávamos tanto. Eu me
lembrei da última palavra e eu vim te trazer confiança em Jesus.
(Chico
relata o episódio muito emocionado).
Pôs
a mão no meu peito e a dor desapareceu.
Então,
isso para mim, eu acho que o nome de Jesus é tão grande, é tão
grande, que remove os nossos obstáculos orgânicos.
Eu
estou com uma angina que ficou como sendo uma herança do infarte,
mas uma angina muito bem controlada. Eu sigo as instruções médicas,
as instruções dos amigos espirituais, me abstenho de tudo aquilo
que não posso usufruir, de modo que eu, graças a Deus, estou, vamos
dizer, estou doente, mas estou são. Se alguém puder compreender…
Leia
Kardec - Estude as Obras da Codificação Espírita.
Extraída de:
https://www.mensagemespirita.com.br/mensagem-em-video/346/chico-xavier-a-historia-de-valeria-emocionante